sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Integração das interdisciplinas...Portifólio 2009/2

Apresento aqui a primeira parte do meu portifólio 2009/2:

Esse semestre nos oportunizou a aquisição de vários conceitos que se entrelaçam através das interdisciplinas estudadas, que por fim acabam se fundindo em uma mesma linha de raciocínio.
A interdisciplina Educação de Jovens e Adultos, através da autora Marta Kohl, me fez perceber o quanto é importante nós educadores fazermos com que nossos alunos acreditem em sua capacidade de fazer e refazer, de criar e recriar, de transformar. Isto é, trabalhar a partir das experiências/realidade desses adultos, valorizando seus conhecimentos prévios, fazendo com que este seja o sujeito ativo nesse processo de construção do conhecimento, obtendo responsabilidades na construção de seu próprio conhecimento, desencadeando assim o desenvolvimento da autonomia, pois eles não devem ser confundidos com crianças, já que possui uma longa história de vida, logo, distintas experiências com o meio e com os outros (igreja, trabalho, família, sociedade em geral).
Para que isso seja possível, é necessária a utilização do diálogo, já que é ele quem gera o pensar, a reflexão, a ação, a interação, dando ao aluno o direito de participação.
Deste modo, é imprescindível que esses aspectos sejam relevados e realizados na Educação de Jovens e Adultos, aonde deve ser levada em conta a valorização dos diferentes grupos culturais, a diversidade, a multiplicidade de variedades lingüística.
Essa (variedades lingüísticas) “são as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada” (Wikipédia), isto é, existem várias maneiras de se falar e escrever, por exemplo, quando estamos conversando com uma amiga nos expressamos de uma maneira, usando gíria, etc, já quando estamos fazendo um relato acadêmico falamos de outra maneira nos expressando mais cientificamente.
Assim, podemos dizer que as diversidades lingüísticas mudam conforme a cultura, região em que estamos inseridos, interferindo então na forma de trabalhar a alfabetização, pois esta deve partir da realidade do aluno, da valorização de suas experiências e de seus conhecimentos prévios, já que temos dentro da sala de aula uma grande diversidade de culturas, gírias, sotaques, regionalidades, etc, que podem ser usadas como fontes para ampliar seus conhecimentos informando-os sobre essa variedade lingüística para posteriormente desenvolvermos os estudos sobre a norma culta.
Podemos partir de estudos de diferentes materiais que apresentam essas diferenças, como, artigos acadêmicos, notícias de jornais, cartas de familiares, etc, partindo de situações concretas comuns ao nosso dia-a-dia para facilitar e valorizar as práticas sociais dos alunos, através da familiarização, unindo as experiências, ou seja, a prática com a teoria.
Dessa forma, me refiro a uma alfabetização baseada na perspectiva construtivista, trabalhada especialmente com alunos das séries iniciais, partindo de seus conhecimentos prévios, de materiais pertencentes a sua realidade de vida, como, por exemplo, histórias infantis, embalagens e rótulos, não com cartilhas e com o método da abelhinha que se detém na repetição de sons até a criança memorizar, o que não favorece a aquisição da língua escrita, pois parte de situações distantes da realidade do aluno.
Ainda envolvemos a interdisciplina de LIBRAS, que nos permitiu apreciar a cultura surda, crenças, costumes, interesses, responsabilidades compartilhadas entre os surdos, além de valorizar a língua de sinais, a qual possui regras próprias que permite aos surdos o desenvolvimento lingüístico, oportunizando acesso aos conhecimentos existentes na sociedade, podendo assim construir sua identidade surda.
Como cita Strobel no texto Comunidade e cultura surda no Brasil: a “Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de se torná-lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as idéias, as crenças, os costumes e os hábitos de povo surdo.”
Assim, é indispensável para a educação do surdo a inclusão da língua de sinais no currículo escolar e de professores surdos ou intérpretes, principalmente nas escolas em que os professores são ouvintes e/ou não dominam a língua de sinais, oportunizando a participação e o desenvolvimento da autonomia, valorizando a diferença surda, enquanto prepara os mesmos para o mercado de trabalho e meio social.
Nesse sentido, a interdisciplina de Linguagem e Educação, nos fez refletir sobre a escola, que deve ser mais flexível quanto a multiplicidades de variedades lingüísticas, as diferentes culturas, os conhecimentos sociais que os alunos trazem, respeitando e valorizando-os, a qual os alunos obtêm através do contato com o outro na sociedade em que estão inseridos.
Atualmente, a escola dá ênfase apenas ao letramento escolar (saber ler e escrever), esquecendo do letramento social, o qual designa o saber fazer uso desse conhecimento aprendido no interior da escola, ou seja, como usufruir da leitura e da escrita durante sua vida pessoal e social.
Segundo Kleimam, o fenômeno do letramento extrapola o mundo da escrita tal qual ele é concebido pelas instituições que se encarregam de introduzir formalmente os sujeitos no mundo da escrita. Pode-se afirmar que a escola, a mais importante das agências de letramento, preocupa-se, não com o letramento, prática social, mas com apenas um tipo de prática de letramento, a alfabetização, o processo de aquisição de códigos (alfabético, numérico), geralmente concebido em termos de uma competência individual necessária para o sucesso e promoção na escola. Já outras agências de letramento, como a família, a igreja, a rua como lugar de trabalho, mostram orientações de letramento muito diferentes.
De tal modo, o letramento social deveria ser dado ênfase espacialmente na educação de jovens e adultos, a qual deveria desenvolver uma educação que partisse dos saberes dos alunos, dos seus conhecimentos sociais para posteriormente construir novos conhecimentos, uma vez que essa integração colabora no processo de permanência desses alunos na escola, já que buscam por conhecimentos que auxiliarão na sua vivencia.
Sendo assim, a interdisciplina de Didática, Planejamento e Avaliação nos mostrou que nosso planejamento deve incluir conteúdos e metodologias que apreciem os conhecimentos prévios dos alunos, buscando a valorização das aprendizagens, o que é significativo para ele, estabelecendo em sala de aula conexões com sua realidade e experiência de vida, garantindo então, a curiosidade e a permanência dos educando jovens e adultos na escola.
Ainda através dessa interdisciplina, compreendemos a importância e a necessidade de realizar uma avaliação mediadora, que tem como base a reflexão/ação, onde o professor torna-se mediador do conhecimento, replanejando seu plano de aula quantas vezes for necessário após identificar as causas das dificuldades de seu aluno em aprender, oportunizando a troca de idéias entre e com seus alunos na busca de um saber enriquecido, o qual é construído através da reflexão/assimilação/compreensão do “conteúdo” estudado.
Fico imaginando, por exemplo, se eu tivesse em minha sala de aula comum um aluno surdo, realizaria também a avaliação mediadora com ele, como não possuo experiência com aluno surdo e não domino a língua de sinais, precisaria de uma intérprete em minha sala para que ela repassasse-me o que o aluno gostaria de comunicar, apelaria pela escrita também para que pudéssemos nos comunicar e averiguar o percurso e os avanços do aluno, bem como suas dificuldades,. Ainda, redobraria a atenção nele e em seu desenvolvimento a cada dia, verificando cada detalhe, para que assim pudesse identificar o conhecimento adquirido e diagnosticar suas dificuldades, integrando-o a uma aula comum.
Logo, entrelaçam-se a interdisciplina de Seminário Integrador, mais especificadamente o PA (projeto de aprendizagens), o qual tem como principal característica partir da curiosidade do educando, valorizando seus conhecimentos prévios, tornando-o sujeito de sua própria aprendizagem.
Isto é, o aluno parte do que é significativo para ele, tornando-se sujeito ativo durante todo o processo, da escolha do tema, que “abrem novas perspectivas de continuidade para o Projeto seguinte, procedendo do anterior, forma um anel continuo de significações dentro do processo de aprendizagem – Hernández e Santomé”, ao final do projeto, ensinando então, os alunos a trabalharem por si mesmos, desenvolvendo a autonomia, a capacidade de pensar e agir, onde é necessária a auto-reflexão crítica, disciplina, prudência, cultura, civilização, moralização, instrução para que dessa forma possa ser possível atingirmos a liberdade e a autonomia.
Portanto, percebemos que as interdisciplinas, cada uma com suas especificidades, se interligam através dos conceitos estudados e destacados acima que contribuíram para nossa formação pessoal, estudantil e profissional.


Reflexão sobre essa primeira parte:

Para melhorar ainda mais meu portifólio eu poderia ter destacado ainda a importância do currículo integrado; Taylorismo; Fordismo, porém explico esses na postagem anterior que pode ser vizualizada no seuinte link:
http://peadportifolio156857.blogspot.com/2009/09/curriculo-integrado.html

Assim como da prática pedagógica denominada por Freire como educação bancária (o contrário do que queremos hoje), pois visa o depósito de conteúdos pelo professor no aluno, como se deposita um dinheiro em um banco.

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