sexta-feira, 17 de abril de 2009

APRENDIZAGEM

A partir da proposta da interdisciplina Desenvolvimento da Aprendizagem sob o enfoque da Psicologia II, parei para refletir sobre minhas aprendizagens.
E sabendo que aprender não é apenas armazenar informações, porém extrair destas o suficiente para modificar, reinventar, ou seja, é preciso a interação do sujeito com o objeto para que haja transformação na maneira de pensar e agir, posso ressaltar uma experiência nova, difícil, mas maravilhosa que estou vivendo agora, SER MAMÃE.
Essa é uma aprendizagem que ocorre a todo o momento, em todo lugar, com interação entre mãe e filho e ambos com familiares e amigos.
Para a ocorrência desta, com certeza se fez necessário muita reflexão, pois é engraçado como nossa vida transforma-se completamente quando temos um bebezinho em casa.
Coisas simples como pegar no colo, dar mamá, trocar fraldas, ou até o primeiro banho, parecem ser um bicho de sete cabeças, algo impossível de se realizar, por se tratar de um ser tão pequenino e frágil, porém a necessidade nos obriga a seguir caminhos que nos leva a adquirir tais aprendizagens.
Posso citar então o primeiro banho, “o coisa difícil”, até pegar segurança para tal tarefa, que sempre tive vontade de aprender, mas não tinha tido oportunidades antes, então agora, precisei de alguém me ensinando e me ajudando no banho com o neném.
Minha mãe estava sempre presente, conversando, interagindo, ou seja, me orientando e ensinando com segurá-lo e lavá-lo sozinha, mas deixando com que eu o pegasse sem ter medo de deixá-lo cair ou machucá-lo, sendo o sujeito ativo nesta ação tão importante.
Dar mamá também foi muito difícil, já que tive “figo”, meus seios empedraram, e o sofrimento foi grande fazendo compressas de água quente e massagem embaixo do chuveiro, até que alguém me ensinou a tomar chá de cominho em grão. Pois este faz o leite descer, “desempedrando”.
Trocar fraldas foi mais fácil, uma vez que já possuía experiência. É até engraçado de se dizer, cada troca de fralda era uma caixinha de surpresa, pois o malandrinho só esperava abrir as fraldas para dar aquela molhadinha na mamãe. Aprendi também que não se troca fraldas após o mamá, pois balança muito o bebê e o faz regurgitar.
Logo, posso dizer que a tarefa mais difícil foi à organização do tempo, já que além de mãe, sou dona de casa, estudante e esposa.
Conseqüentemente, o que determina a ordem das atividades a serem realizadas é o bebê.
Tenho que esperar ele dormir para fazer as atividades domésticas, meus trabalhos da faculdade e tirar um tempinho para meu esposo, ou seja, não faço mais trabalhos da faculdade, passeios, almoço, durmo, tomo banho, lavo roupas e louças, limpo a casa, etc., quando quero, mas no intervalo de um mamá e outro, de uma troca de fraldas ou uma seção de cólicas.
Sendo assim, parti de um conhecimento nato que possuía e com a orientação e estimulo da minha mãe e demais familiares que me ajudaram nessa etapa, deixando eu ser o sujeito dessas ações, onde estas foram e estão sendo muito significativas para mim.
Conseqüentemente, esta foi uma nova aprendizagem, já que mudei minha maneira de pensar e agir, transformei minha prática diária, reinventando sempre maneiras de contornar as situações cotidianas.
Logo, toda essa dedicação é gratificante, amar e ser amada por um ser tão pequenininho e ao mesmo tempo tão grande em meu coração é uma benção que vale qualquer sacrifício. Todo trabalho, toda dificuldade, se resume em nada com apenas um sorriso.
Por conseguinte, posso afirmar que esta aprendizagem se deu através da interação (construtivismo), já que esse conhecimento assimilado, ao entrar no meu mundo, provocou, perturbações, e eu precisei refazer meus instrumentos de assimilação em função da novidade. Sendo eu o sujeito dessas ações.
Finalizo então este relato ressaltando que no construtivismo acredita-se que o conhecimento não está nem na pessoa que aprende e nem no objeto, mas que se constrói na interação desse sujeito com o objeto.

O conhecimento resulta das interações que ficam a meio caminho entre o sujeito e o objeto, dependendo dos dois ao mesmo tempo e não havendo trocas entre formas distintas (PIAGET, 1990).

Este é meu pequenino...

2 comentários:

Eliana Ventorini disse...

Catiane querida!

Em primeiro lugar, parabéns pelo teu encantandor menininho!

Pelo teu relato, podemos perceber, e imaginar, o quanto essa experiência está produzindo transformações profundas, aprendizagens novas...

Descreves muito bem a "interação", quando afirmas que ela acontece na "ação" do sujeito sobre o objeto de conhecimento! E a aprendizagem, qualquer que seja, é fruto desse "processo", em que o próprio sujeito é o protagonista!

Isso me faz pensar na metodologia de projetos de aprendizagem! Por isso todo o trabalho que estamos propondo com PAs!

Tuas reflexões mexem com a idéia que se tem do trabalho do professor em sala de aula... Para muitos educadores, o processo de "ensinar" garante o "aprender", quando, na verdade, não há uma relação direta e automática entre os dois! O primeiro nem sempre garante o segundo! Ensinar sem "desafiar", sem levar os alunos à "ação" sobre o objeto do conhecimento, não garantirá aprendizagens, ao menos na nossa perspectiva!

Claro que, a "interação" também se dá no plano mental, digamos assim, pela "representação" que fazemos do objeto do conhecimento... Mas, nesse caso, só a vivência para produzir sentidos, significados, não é?

Obrigada por compartilhar teu belo relato!

Abraço forte e bom fim de semana,
Profª Eliana Ventorini
Seminário Integrador - TC

Marcelo TGB disse...

Oi Catiane, sou eu novamente, Marcelo. Olha, chorei ao ler teu relato. Primeiro pensei: como somos corujas com nossos filhos, depois me deparei com as relações com a psicologia que fizeste e me emocionei mais ainda, quando comecei a relembrar todo o processo que já vivenciei com meu filho. Ele tem 12, e hoje está na fase finaloperatório formal, um adolescente já, No início, mas pude com o teu relato lembrar-me de todas as fases: Sensório motor, Pré operatório, Operatório concreto
e vário testes que fazia com ele e que agora utilizo também nos trabalho da faculdade, lembrando o trabalho sobre conservação.
Menina, um prazer conhecer um pouco de tua família e podes ter certeza será uma interação durante todo um longo processo de aprendizagem tuas e dele tambám, abraços.
Marcelo.