Após o estudo do texto “A leitura, a escrita e a oralidade como artefatos culturais” de Dalla Zen e Trindade solicitada pela interdisciplina Linguagem e Educação, parei para pensar nas diferenciações que ocorrem na fala, na escrita e na leitura.
Neste a autora destaca que:
O discurso sofre controle externo e interno dentro de sistemas de apropriação, doutrinas e sociedades de discurso, sendo que as proibições podem ser sobre o assunto a ser explorado, a circunstância de fala, os sujeitos envolvidos, os comentários produzidos e a coerência da nossa identidade como autores, conforme regras aceitas como "verdadeiras" para produzi-los (Foucault, 1998).
Ou seja, não fala-se/escreve-se/lê-se sempre do mesmo jeito, porque na verdade o indivíduo adapta-se conforme as tradições, cultura, gírias, época.
Por exemplo, ao escrever uma cara a uma amiga ou em bate papo pelo MSN, não utilizamos formalidades, já em um trabalho acadêmico, o workshop, procuramos seguir as normas gramaticais, pontuação conforme o registro oficial.
Quanto à oralidade fazemos o uso das expressões corporais que ajudam muito a esclarecer a mensagem em que queremos passar aos ouvintes. Essa linguagem também sofre alterações perante o lugar ou ao determinado ouvinte.
Essas mudanças dependem também da época, por exemplo, algumas gírias empregadas antigamente, muitos jovens hoje não sabem o significado e vice-versa.
Lembro-me de um trabalho que realizei com a 4ª série do ensino fundamental de oito anos, onde os alunos pesquisaram, escreveram e criaram cartazes sobre a linguagem coloquial (a usada por eles) e a formal (conforme o registro oficial), além de destacarem gírias de antigamente e as atuais. Para finalizar o trabalho eles socializaram com a outra 4ª série existente na escola.
Portanto, com base no que foi descrito até aqui, ressalto que o processo da fala e leitura, estão em constante transformação, devido à cultura, as tradições da sociedade e como destacam as autoras “a escola enfrenta o desafio de incorporar ao currículo essas demandas sociais e culturais e de articular meios para responder a elas”.
BIBLIOGRAFIA:
ZEM, Maria Isabel Trindade; Lole Faviero Trindade. Leitura, escrita e oralidade como artefatos culturais. 2002.
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Um comentário:
Oi Catiane,
Tua postagem revela a apropriação teórica que fizeste e levanta inúmeras questões para discussão, o que mostra a pertinência e a complexidade do assunto.
Quando falamos ou escrevemos, há muitos fatores implicados aí, determinando o modo como se constituirá nossa fala e nossa escrita: a situação comunicativa, os sujeitos envolvidos, o conteúdo dessa fala/escrita. São esses elementos que determinam se usaremos uma variedade mais formal ou informal da língua, se seremos mais sucintos ou mais longos...
O discurso, assim, "sofre controle externo e interno", ou seja, nosso dizer é sempre determinado. Quando nos dirigimos a alguém, por exemplo, não é somente à pessoa física que falamos, mas ao que ela representa para nós, para nosso imaginário. Por exemplo, ao nos dirigirmos a um professor, nosso imaginário nos permite antecipar o o que diremos, como devemos nos dirigir a esse pessoa, como diremos... e ainda, que coisas não podemos dizer. Isso é controle!
Ao falar/escrever estamos sempre tentando controlar o dizer, para que o outro compreenda aquilo que desejamos exprimir, ou seja, tentamos controlar os sentidos. Nessa tarefa, o imaginário nos oferece possibilidades de alcançar o outro onde ele espera, mas não há garantias, porque os sujeitos são diferentes, únicos.
Toda essa reflexão nos permite pensar o espaço da sala de aula, onde muitas vezes privilegiamos um único modo de expressão da língua (colocando-o como modelo), sem levar em conta a multiplicidade de variedades linguísticas e de objetivos implicados na comunicação, ou seja, a escola precisa trabalhar com essa diversidade, "incorporando ao currículo essas demandas sociais e culturais, buscando meios para responder a elas". De que modo o professor pode fazer isso? Como a escrita e a oralidade devem ser encaradas pelo professor?
Aguardo tuas contribuições para seguirmos dialogando.
Beijos, Rô Leffa.
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